Uma experiência MOOC
Este artigo tem como finalidade
refletir sobre a experiência MOOC que consistiu a nossa incursão pelo curso
Lisboa e o Mar: uma História de Chegadas e Partidas. Partindo da prática
vivenciada neste curso pretende-se pensar criticamente sobre o que este MOOC
apresenta de novo no contexto dos vários modelos de MOOCs existentes. Assim
sendo, o presente trabalho dividir-se-á em 3 partes: a primeira em que
procederemos à fundamentação da escolha do curso, a segunda em que mostraremos
as diferenças e semelhanças entre este modelo e os restantes modelos de MOOCs e
por fim a terceira parte onde faremos uma síntese da experiência vivida.
Lisboa e o Mar: uma História de Chegadas e Partidas: Porquê?
O curso escolhido é parte de
integrante de uma vasta oferta de cursos MOOCs existentes na plataforma EMMA
que sendo uma experiência piloto, tem como objetivo agregar vários cursos MOOCs
de múltiplas universidades europeias (Europeanmoocs, 2014). Denominado Lisboa e
o Mar: uma História de Chegadas e Partidas, este MOOC visa debruçar-se sobre o
papel que Lisboa deteve ao longo de vários séculos enquanto entreposto de
pessoas, culturas, modos de viver e pensar, marcando indubitavelmente a
história desta capital europeia. Falar de Lisboa ao longo de vários séculos
numa dinâmica interativa e num ritmo adequado às necessidades de cada um,
pareceram-nos razões suficientes para querer explorar o mundo dos MOOCs e
através deste percurso ficarmos a conhecer a própria dinâmica pedagógica intrínseca.
Diferenças e semelhanças em relação a outros modelos de MOOCs
No sentido de melhor percebermos em que se distingue este
curso MOOC, avaliemos os vários modelos pedagógicos associados aos MOOCs e a
sua evolução enquanto fenómeno recente no contexto educativo do ensino superior
(Teixeira, Mota, Morgado, & Spilker, 2015).
Será fácil, ao leitor, perceber
que muito embora estejamos a falar de um fenómeno recente, este apresenta uma
evolução rápida no sentido de se adaptar às novas realidades e necessidades de
um mundo em constante mudança que torna urgente a atualização e a
construção/aquisição de novos conhecimentos. Steven Krause em 2014 dizia-nos
que “a invasão dos MOOC [era] inevitável (…) [iriam] fazer parte do futuro do
ensino superior[1]”, premonição
que ao que parece estava certa! A necessidade de explorar novas formas de
interação online entre participantes, conteúdo e aquisição de conhecimento
conduziu a alterações significativas entre os MOOCs como podemos ver na
publicação de Siemens (2012) “MOOCs for the win!” em que o autor justifica as
diferenças entre os cursos MOOCs existentes na altura mediante as motivações e objetivos
a atingir que estão por de trás de cada um dos modelos. Ainda assim, e não
obstante o seu sucesso, várias questões se têm colocado quanto as taxas de
conclusão efetiva dos participantes em alguns casos relacionando estas com a
falta de um modelo pedagógico que estabeleça uma ponte entre a inovação
tecnológica e os processos de regulação da aprendizagem (Armstrong, 2013).
Segundo Figueiredo (2012) um dos grandes desafios é encontrar “processos
pedagógicos e de avaliação que tirem partido dos sistemas sociais adaptativos
complexos” onde se poderão enquadrar os MOOC.
Síntese da experiência vivida
Enquanto
comunidade de aprendizagem este MOOC privilegia: a) a interação entre os
participantes procurando que estes se identifiquem como essenciais ao processo
de ensino e de aprendizagem individual, coletivo e interdependente das
experiências partilhadas, b) os conteúdos e c) as atividades e a produção de
artefactos que demonstrem as aprendizagens realizadas pelos participantes (figura 1).
O módulo de ambientação (figura
2) mostrou-se ser um interessante instrumento de fortalecimento da comunidade
de aprendizagem que poderá beneficiar a interatividade entre participantes e
consequentemente agir em prol da permanência dos mesmos.
A definição de objetivos, a divisão
das lições em unidades, a possibilidade de os participantes visionarem o
percurso realizado, comunicarem por meio de comentários em cada uma das
unidades e publicarem os seus trabalhos em blogues pessoais (figura 3) revelaram-se
fundamentais à interação desejada.
Por fim mas, igualmente importante, é o feedback dado ao trabalho produzido pelos participantes no fim de cada tema (figura 4) contribuindo, a nosso ver, para a motivação da comunidade de aprendizagem podendo ter implicações positivas no envolvimento e na interatividade entre participantes.
Consideramos que esta foi uma
experiência demonstrativa do potencial dos cursos MOOC no contexto do ensino
superior, particularmente do modelo pedagógico inovador levado a cabo pela
Universidade Aberta: iMOOC.
Obras citadas:
Armstrong,
L. (13 de janeiro de 2013). 2013 - The year ups and downs for the MOOCs. Obtido em 14 de abril de 2016, de Higher Education:
http://www.changinghighereducation.com/2014/01/2013-the-year-of-the-moocs.html?goback=.gde_2774663_member_5832211875772788740#!
Europeanmoocs. (2014). Emma European Moocs.
Obtido em 15 de 03 de 2016, de EMMA European Multiple MOOC Aggregator:
http://platform.europeanmoocs.eu/
Figueiredo, A. D. (10 de outubro de 2012). MOOCs
- Virtudes e limitações. Obtido em 17 de abril de 2016, de MOOC EaD
Primeiro MOOC em língua portuguesa: http://moocead.blogspot.com/2012/10/moocs-virtudes-e-limitacoes.html
Krause, S. D.
(2014). After the invasion_What's next for MOOCs? Em S. D. Krause, & C.
Lowe, Invasion of the MOOC: The promisse and perils of Massive Open Online
Courses (pp. 223-228). South
Carolina: Parlor Press. Obtido em 18 de abril de 2016, de
https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0ahUKEwjkwoju7KnMAhUFFz4KHYi9DG8QFgglMAE&url=http%3A%2F%2Fwww.parlorpress.com%2Fpdf%2Finvasion_of_the_moocs.pdf&usg=AFQjCNEziQ8r1gmiN3rmCv8pOPVnYQ7IIg&sig2=xlNX5NwJX5bXU3bThXrHBQ
Siemens, G. (5 de março de 2012). MOOCs for the
Win! Obtido em 16 de abril de 2016, de ElearnSpace:
http://www.elearnspace.org/blog/2012/03/05/moocs-for-the-win/
Teixeira, A., Mota, J., Morgado, L., & Spilker,
M. J. (janeiro-junho de 2015). iMOOC: Um modelo pedagógico institucional para
cursos abertos massivos onlne (MOOCs). Educação, Formação &
Tecnologia, 8 (1), pp. 4-12.
[1] Texto original: The invasion
of the MOOCs seemed inevitable: for better or worse, massive online open
courses in one form or another were going to be a part of the future of higher
education, and the question that most of the writers in this collection
consider is what is that inevitable future likely to look like.