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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Incursões pelo jornalismo...




Uma experiência MOOC


Este artigo tem como finalidade refletir sobre a experiência MOOC que consistiu a nossa incursão pelo curso Lisboa e o Mar: uma História de Chegadas e Partidas. Partindo da prática vivenciada neste curso pretende-se pensar criticamente sobre o que este MOOC apresenta de novo no contexto dos vários modelos de MOOCs existentes. Assim sendo, o presente trabalho dividir-se-á em 3 partes: a primeira em que procederemos à fundamentação da escolha do curso, a segunda em que mostraremos as diferenças e semelhanças entre este modelo e os restantes modelos de MOOCs e por fim a terceira parte onde faremos uma síntese da experiência vivida.

Lisboa e o Mar: uma História de Chegadas e Partidas: Porquê?

O curso escolhido é parte de integrante de uma vasta oferta de cursos MOOCs existentes na plataforma EMMA que sendo uma experiência piloto, tem como objetivo agregar vários cursos MOOCs de múltiplas universidades europeias (Europeanmoocs, 2014). Denominado Lisboa e o Mar: uma História de Chegadas e Partidas, este MOOC visa debruçar-se sobre o papel que Lisboa deteve ao longo de vários séculos enquanto entreposto de pessoas, culturas, modos de viver e pensar, marcando indubitavelmente a história desta capital europeia. Falar de Lisboa ao longo de vários séculos numa dinâmica interativa e num ritmo adequado às necessidades de cada um, pareceram-nos razões suficientes para querer explorar o mundo dos MOOCs e através deste percurso ficarmos a conhecer a própria dinâmica pedagógica intrínseca.                                         

Diferenças e semelhanças em relação a outros modelos de MOOCs

No sentido de melhor percebermos em que se distingue este curso MOOC, avaliemos os vários modelos pedagógicos associados aos MOOCs e a sua evolução enquanto fenómeno recente no contexto educativo do ensino superior (Teixeira, Mota, Morgado, & Spilker, 2015).
Será fácil, ao leitor, perceber que muito embora estejamos a falar de um fenómeno recente, este apresenta uma evolução rápida no sentido de se adaptar às novas realidades e necessidades de um mundo em constante mudança que torna urgente a atualização e a construção/aquisição de novos conhecimentos. Steven Krause em 2014 dizia-nos que “a invasão dos MOOC [era] inevitável (…) [iriam] fazer parte do futuro do ensino superior[1]”, premonição que ao que parece estava certa! A necessidade de explorar novas formas de interação online entre participantes, conteúdo e aquisição de conhecimento conduziu a alterações significativas entre os MOOCs como podemos ver na publicação de Siemens (2012) “MOOCs for the win!” em que o autor justifica as diferenças entre os cursos MOOCs existentes na altura mediante as motivações e objetivos a atingir que estão por de trás de cada um dos modelos. Ainda assim, e não obstante o seu sucesso, várias questões se têm colocado quanto as taxas de conclusão efetiva dos participantes em alguns casos relacionando estas com a falta de um modelo pedagógico que estabeleça uma ponte entre a inovação tecnológica e os processos de regulação da aprendizagem (Armstrong, 2013). Segundo Figueiredo (2012) um dos grandes desafios é encontrar “processos pedagógicos e de avaliação que tirem partido dos sistemas sociais adaptativos complexos” onde se poderão enquadrar os MOOC.
O curso Lisboa e o Mar demonstra a inovação do modelo iMOOC aquando da promoção simultânea dos domínios individual e interpessoal na construção do conhecimento por meio de uma “aprendizagem autodirigida” (Teixeira, Mota, Morgado, & Spilker, 2015, p. 7) a par da flexibilidade e da inclusão digital integrada no módulo de ambientação, elementos determinantes para combater alguns dos aspetos que continuam a ser apontados como desvantagens dos cursos MOOC. Suportado por um modelo pedagógico pensado em torno da educação a distância, os iMOOC combinam o conhecimento e experiência do ensino formal a distância com o desenvolvimento de práticas associadas aos RPEA (recursos e práticas educacionais abertas), o que aliado a uma estrutura pedagógica, como já referimos, flexível e inclusiva faz toda a diferença, pois permite ao participante, pouco a pouco, integrar-se na nova comunidade e comprometer-se com esta o que poderá contribuir para a redução das taxas de abandono.

Síntese da experiência vivida


Enquanto comunidade de aprendizagem este MOOC privilegia: a) a interação entre os participantes procurando que estes se identifiquem como essenciais ao processo de ensino e de aprendizagem individual, coletivo e interdependente das experiências partilhadas, b) os conteúdos e c) as atividades e a produção de artefactos que demonstrem as aprendizagens realizadas pelos participantes (figura 1).
O módulo de ambientação (figura 2) mostrou-se ser um interessante instrumento de fortalecimento da comunidade de aprendizagem que poderá beneficiar a interatividade entre participantes e consequentemente agir em prol da permanência dos mesmos.
A definição de objetivos, a divisão das lições em unidades, a possibilidade de os participantes visionarem o percurso realizado, comunicarem por meio de comentários em cada uma das unidades e publicarem os seus trabalhos em blogues pessoais (figura 3) revelaram-se fundamentais à interação desejada.




Por fim mas, igualmente importante, é o feedback dado ao trabalho produzido pelos participantes no fim de cada tema (figura 4) contribuindo, a nosso ver, para a motivação da comunidade de aprendizagem podendo ter implicações positivas no envolvimento e na interatividade entre participantes.

Consideramos que esta foi uma experiência demonstrativa do potencial dos cursos MOOC no contexto do ensino superior, particularmente do modelo pedagógico inovador levado a cabo pela Universidade Aberta: iMOOC.

Obras citadas:

Armstrong, L. (13 de janeiro de 2013). 2013 - The year ups and downs for the MOOCs. Obtido em 14 de abril de 2016, de Higher Education: http://www.changinghighereducation.com/2014/01/2013-the-year-of-the-moocs.html?goback=.gde_2774663_member_5832211875772788740#!
Europeanmoocs. (2014). Emma European Moocs. Obtido em 15 de 03 de 2016, de EMMA European Multiple MOOC Aggregator: http://platform.europeanmoocs.eu/
Figueiredo, A. D. (10 de outubro de 2012). MOOCs - Virtudes e limitações. Obtido em 17 de abril de 2016, de MOOC EaD Primeiro MOOC em língua portuguesa: http://moocead.blogspot.com/2012/10/moocs-virtudes-e-limitacoes.html
Krause, S. D. (2014). After the invasion_What's next for MOOCs? Em S. D. Krause, & C. Lowe, Invasion of the MOOC: The promisse and perils of Massive Open Online Courses (pp. 223-228). South Carolina: Parlor Press. Obtido em 18 de abril de 2016, de https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0ahUKEwjkwoju7KnMAhUFFz4KHYi9DG8QFgglMAE&url=http%3A%2F%2Fwww.parlorpress.com%2Fpdf%2Finvasion_of_the_moocs.pdf&usg=AFQjCNEziQ8r1gmiN3rmCv8pOPVnYQ7IIg&sig2=xlNX5NwJX5bXU3bThXrHBQ
Siemens, G. (5 de março de 2012). MOOCs for the Win! Obtido em 16 de abril de 2016, de ElearnSpace: http://www.elearnspace.org/blog/2012/03/05/moocs-for-the-win/
Teixeira, A., Mota, J., Morgado, L., & Spilker, M. J. (janeiro-junho de 2015). iMOOC: Um modelo pedagógico institucional para cursos abertos massivos onlne (MOOCs). Educação, Formação & Tecnologia, 8 (1), pp. 4-12.

 

[1] Texto original: The invasion of the MOOCs seemed inevitable: for better or worse, massive online open courses in one form or another were going to be a part of the future of higher education, and the question that most of the writers in this collection consider is what is that inevitable future likely to look like.