Como
sabemos, as TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação) facilitam o
acesso ao conhecimento, numa era que se assume de partilha e de colaboração por
meio da criação de comunidades de aprendizagem mas trazem consigo a
necessidade de adaptar estratégias, aceder a novos recursos, desenvolver novas
formas de interação associadas ao continuo desafio de promover/desenvolver o
questionamento, o pensamento crítico, o sentido de autonomia e o diálogo (Morgado,
2001).
Assim, novas
competências são exigidas aos docentes, conduzindo-nos a um contínuo desenvolvimento
profissional cada vez mais consciente da necessidade de nos adaptarmos a
novas realidades e desafiando-nos à adoção de novos modelos
pedagógicos (cf. Mason,
1998) associados a novas formas de compreensão, intervenção e extensão
espácio-temporal da sala-de-aula. Atendendo a que no contexto do ensino a
distância os atos de ensinar e aprender tendencialmente se distanciam e interagem
com um novo elemento que é a tecnologia (Morgado,
2003), torna-se fundamental (re)pensar os modelos pedagógicos clássicos
atribuindo-lhe um novo campo didático centrado na relação entre aluno/formando
e conteúdo (idem).
Verifica-se,
portanto, que as áreas do conhecimento profissional expandem-se como
organismo vivo em constante evolução e o docente assume-se cada vez mais como
ser polivalente que deverá ser capaz e mobilizar várias aptidões: pedagógicas,
pessoais/sociais/afetivas, comunicacionais/informacionais e digitais no ato de
ensinar (cf. Bergan & Collins, 2000 citado em Kidd & Kengwe, 2010).
“Ensinar no ciberespaço exige mudança de práticas, de métodos e de estratégias. Mais do que uma grande familiaridade com a tecnologia, ensinar online requer competências que envolvam os estudantes no desenvolvimento dos seus próprios processos de aprendizagem.” (Pereira, Quintas-Mendes, Mota, Morgado, & Aires, 2004, p. 201).
Inserida
numa perspetiva construtivista esta transformação, que induz à mudança
de paradigma, assenta numa intervenção ativa do aluno advinda da
deslocação da centralidade do processo de ensino e de aprendizagem do professor
para o aluno, inserindo-a em contextos específicos e diferentes estre si
(Monteiro, 2012) contribuindo, desta forma, para uma aprendizagem
simultaneamente significativa e transformadora, propícia, segundo
Mezirow (1997) à validação da aprendizagem e ao desenvolvimento de autonomia
essenciais ao pensamento crítico e reflexivo, ao mesmo tempo que deverá (assim
se deseja) que desenvolva uma aprendizagem profunda (cf. Johnson,
Becker, Estrada, & Freeman, 2014, p. 24) geradora de competências
necessárias ao mundo real.
“os novos media tornam possíveis e requerem novos contextos sociais e culturais de aprendizagem; perdendo alguma da sua centralidade, a escola não pode já ser vista como o único local em que se aprende. Mas isso não significa que o seu papel [o do professor] no futuro seja menor; pelo contrário, acreditamos que ele será cada vez mais essencial” (Amante, Quintas-Mendes, Morgado, & Pereira, 2008, p. 102).
Os vídeos da
professora Adelina Moura (cf. RTP2 2012, TedxTalks 2014) estabelecem uma
clara relação entre o que é a realidade e os desafios que esta lança à escola,
mais concretamente ao ato de ensinar (cf. Prensky, 2010,
2013, 2014) (e aos
significados teóricos da aprendizagem) bem como as implicações que esta ação
concreta tem nos domínios das competências, desenvolvimento e conhecimento
profissional acima referidos. Fica clara a necessidade de ir ao encontro de
novas formas de comunicar e olhar o mundo sob novas perspetivas. Essa travessia
é vital ao sucesso do processo de ensino e de aprendizagem no século XXI.
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